A Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicação e de Informática (Feninfra) alerta para o nível de exigências do edital para implantação do 5G no Brasil. Segundo a entidade, a consequência seria a elevação de custos, inclusive com reflexo no consumidor final. “Visando agilizar e não onerar demasiadamente os custos de implantação do 5G no Brasil, será importante uma discussão aprofundada do edital sobre o leilão apresentado pela Anatel”, resume Vivien Suruagy, presidente da entidade.
A executiva participou do webinar “Tecnologia 5G”, promovido pelo IRICE (Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior) e explicou que há várias exigências do edital que precisam ser melhor entendidas e, se necessário, revistas. A primeira delas diz respeito à obrigatoriedade de implantação de uma rede exclusiva para o governo federal, sob a justificativa de segurança nacional. “De fato, esta é uma questão de alta importância, mas a criptografia de ponta a ponta na rede 5G já garantiria total segurança. Além disso, é preciso constatar se não haveria redundância entre as redes, com elevação desnecessária de custos, inclusive para o consumidor”, questionou.
A presidente da Feninfra também analisou outras exigências do edital, relativas à implantação de uma rede subfluvial na Amazônia, uma para as cidades do Norte e do Nordeste e em rodovias federais. Para ela, é fundamental dimensionar os custos de tudo isso. Um estudo da Telebras estima que a rede privativa demandaria R$ 3 bilhões; a subfluvial, mais R$ 1,5 bilhão; a conexão do Norte e Nordeste, outros R$ 2 bilhões.
Ponto relevante também a ser discutido refere-se à necessidade de implantar rede stand alone, ou seja, exclusiva para 5G, sendo que é totalmente possível aproveitar a infraestrutura já existente. “Nos Estados Unidos, isso é orçado em US$ 80 bilhões. Não temos esse dinheiro”, ponderou Vivien.
Inseguranças e indefinições do edital podem gerar problemas jurídicos, atrasando o leilão. O excesso de exigências pode inviabilizar o processo. “É necessária, ainda, liberdade de participação e que prevaleça a qualidade e a competência”, explicou a presidente da Feninfra.
Vivien afirmou ser decisivo esclarecer todas essas questões para que se possa avançar no 5G, cuja implantação terá impacto positivo grande, contribuindo para a recuperação da economia brasileira, uma prioridade neste momento tão grave, com números recordes de empresas em recuperação judicial e mais de 14 milhões de desempregados.
“No âmbito dos associados da nossa entidade, já estamos treinando mais de 600 mil trabalhadores para a nova tecnologia. Além disso, serão gerados 1,5 milhão de novos empregos, revelou, acrescentando: “O 5G representará um salto expressivo na conectividade, com imensos ganhos de produtividade, redução de custos e inserção na Indústria 4.0. Deverá gerar negócios de US$ 11 trilhões até 2025”.
Fonte: IPNews, com informações da InfraDigital