A construção civil tem sentido um aumento no material utilizado no setor. Os impactos já são sentidos pelas empresas da região. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário (Sinduscon), Fernando José de Oliveira, diz que uma das consequências é uma freada no setor, que até então estava registrando bons números.
As entidades representantes da construção civil consideram abusivo o aumento no preço dos produtos. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) entregou ao governo federal um documento que reúne evidência sobre a situação. O material foi levado à Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade do Ministério da Economia.
O reflexo do aumento nos materiais é sentido há vários meses pelo setor na região de Brusque. “Na minha empresa, a Walpa Materiais Elétricos, estou com problemas com o cobre e o alumínio. Cobre subiu de janeiro até agora 144% e alumínio 44%, além disso, o prazo de entrega dos cabos alumínio é 180 dias”, conta Oliveira.
O empresário Santino Kniss, proprietário da Flexfer – Armações para Construção Civil, conseguiu repassar o reajuste aos clientes, mas prevê que as vendas podem cair por falta de matéria-prima, caso o cenário não mude.
“Além do preço ter subido, não tem material no mercado. Há falta de produto, como o aço, pois as usinas não estão conseguindo produzir a demanda do país hoje, então está complicado. Teve um reajuste de preços pra mim, que sou indústria, por volta de 18% e para as distribuidoras por volta de 30%”, descreve Kniss.
O empresário Ralf Maschio, da Jafix Reformas, que é vice-presidente para Assuntos Estratégicos e Materiais do Sinduscon de Brusque, afirma que toda a cadeia produtiva está sofrendo com esta situação.
De acordo com ele, as construtoras e incorporadoras beneficiam cerca de 4 mil itens no processo construtivo, pois são muitos insumos que compõem um edifício residencial, comercial ou industrial. Com isso, o setor acaba tendo que consumir muitos produtos que já sofreram sobreposições de aumentos e impostos.
A construção civil sentiu muito o aumento do alumínio, aço, cimento, cobre, madeira, e demais itens que recebem estes insumos como composição. As altas variam de 10 a 40% nos produtos que estão no topo da curva ABC.
“Eu diria que a maior preocupação no momento é com a pressão que isso poderá causar na inflação, em um momento tão delicado da economia. Apesar da melhora nas vendas e expectativa destes dois últimos meses, temos que nos preocupar na forma como nossos clientes irão responder frente ao repasse destes custos elevados, quando tudo voltar ao normal, após a demanda que estava oprimida se normalizar”, comenta o empresário.
O custo das obras é orçado com base no Cub, o Custo Unitário Básico. O valor do Cub também sofre reajustes, mas Oliveira pontua que não é o suficiente para suprir o aumento do valor das matérias-primas.
Esse quadro traz dificuldade para fechamento de novos contratos e coloca em risco os que já estavam fechados porque o construtor não consegue entregar a obra sem reajustar o preço.
“O grande problema é que os contratos são a longo prazo”, diz o presidente do Sinduscon. Ele explica que contratos fechados no ano passado com entrega para ano que vem, por exemplo, terão que ser reajustados. O risco é que esses clientes cancelem os contratos.
Oliveira avalia que a construção civil teve uma retomada econômica positiva e até então estava registrando bons números. Se o cenário persistir, o setor pode desacelerar porque o preço alto e o desabastecimento resultam numa redução na velocidade das obras. Com a falta de serviço, podem ocorrer até demissões.
O presidente do Sinduscon espera que após a mobilização da Cbic os preços voltem ao normal e que o reajuste seja aplicado de forma gradativa para que o setor não seja muito prejudicado.
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