Com solo extenso, agronegócio e indústria desenvolvidos, faltava a comunicação para viabilizar a expansão consistente da economia de Minas Gerais. Na última era dos 300 anos de história do estado, os serviços de telefonia tiveram papel fundamental no crescimento, conectando regiões urbanas e rurais e empreendedores e consumidores. Minas é um dos maiores mercados para os serviços de telefonia e internet no país, em um mundo no qual a conectividade é exigência.
Hoje, o estado é o segundo maior mercado para as empresas de telefonia no país, atrás apenas de São Paulo. Os mineiros são donos de quase 22 milhões de celulares, média de 98,4 aparelhos a cada 100 habitantes, de acordo com dados do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal (Conexis). Os moradores do estado foram responsáveis por 19,3 milhões de acessos à banda larga móvel em 2020, número que cresceu 11 vezes nos últimos 10 anos.
Os acessos à banda larga fixa triplicaram na última década, alcançando 3,8 milhões no ano passado. Ainda segundo o sindicato, 84% dos municípios mineiros têm cobertura de telefonia móvel 4G, e todos já são atendidos pelo menos pelo 3G.
As empresas e o governo estadual sustentam a importância do setor tanto para conectar os mineiros como para a economia. “A telecomunicação é nuclear, permite que os serviços, o agronegócio e a indústria se desenvolvam”, afirma o presidente do Conexis, Marcos Ferrari. A comunicação também é vista como “infraestrutura básica, um gargalo para a atração de investimento e geração de emprego”, define o secretário- adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), Fernando Passalio.
Quem trabalhou com comunicação a vida inteira e acompanhou a evolução tecnológica no estado sabe dessa importância do serviço. “Sem a comunicação efetiva, estável, confiável, a vida seria muito mais complicada. É de necessidade, como alimentação”, afirma o engenheiro Weber Pimenta de Melo, que trabalhou mais de 30 anos na empresa mineira Algar Telecom, fundada no Triângulo. “Minas é um grande estado. A comunicação ajuda nos negócios e na transmissão de conhecimento. E por ser um estado muito agricultável, conecta a área rural, que depende de contato com a área urbana”, diz.
Weber Melo se mudou para Uberlândia em 1966 para cursar engenharia, e morava ao lado da sede da então Companhia Telefônica do Brasil Central (CTBC). “Eu acompanhava a movimentação e ficava deslumbrado”, conta. Ele decidiu procurar a empresa para um estágio, foi aceito e acabou sendo efetivado, para depois fazer parte das transformações que melhoraram a telefonia mineira.
“Trabalhei substituindo telefone de manivela por de comutação automática. E participei da inauguração, em Uberaba, em 1975, do sistema de Discagem Direta a Distância, o DDD, que não dependia mais de telefonista”, relembra. Depois de trabalhar na área técnica, assumiu diretorias na empresa e se aposentou em 2006. Hoje, administra uma franquia da companhia em Tupaciguara, que vende produtos e presta serviços de atendimento para os moradores da cidade e da região.
Infraestrutura
Tanto os recursos públicos quanto a iniciativa privada viabilizaram o avanço da telecomunicação em Minas. Fundada em 1953, a extinta Telecomunicações de Minas Gerais S/A (Telemig), teve papel importante em montar a infraestrutura de cabeamento e ligar as regiões mais distantes aos grandes centros, segundo o secretário-adjunto de Desenvolvimento de Minas, Fernando Passalio. Porém, a guinada se deu no processo de privatização do setor, ocorrido nos anos 90, na visão do secretário. “A comunicação passou a ser um serviço essencial. As linhas telefônicas deixaram de ser um patrimônio privado e viraram serviço público”, afirma.
A rápida expansão da cobertura de telefonia e internet no estado se explica pela popularização do smartphone entre a grande população de Minas Gerais, entre todas as faixas de renda, segundo o presidente do Conexis, Marcos Ferrari.
“Expandiu-se de maneira muito igual entre os municípios. Minas tem perfil de ser um estado de vanguarda, e nada mais natural do que ter tecnologia de ponta. E isso é relevante porque leva conhecimento para a população, leva a internet para as pessoas e ajuda na criação de uma economia de base digital”, argumenta Ferrari.
Fibra ótica
Os serviços de internet de qualidade são praticamente uma exigência no mercado atual. Iolando Filho, dono do Vale Hotel e Eventos, em Santa Juliana, percebeu essa necessidade ao sofrer com o fato de que não há sinal de celular ou internet móvel no local. “Como todo mundo está sempre conectado à internet, seja para lazer ou para negócios, meus hóspedes reclamavam da ausência de internet e chegavam a deixar o hotel. A ausência de internet poderia até inviabilizar o negócio”, conta. Porém, o problema foi resolvido quando ele investiu na construção de uma rede de fibra óptica com linhas telefônicas e internet rápida.
O empresário destaca que a comunicação de qualidade é uma infraestrutura essencial para o desenvolvimento de pessoas, empresas e de um estado como Minas Gerais. “Acredito que Minas Gerais, além da aptidão agrícola, tem grande potencial a ser desenvolvido nas áreas de tecnologia, comunicação e industrial. Para que haja esse desenvolvimento, é necessário investimento em energia elétrica, fornecimento de água, estradas e, é claro, expansão da telecomunicação”, afirma.
Fonte: Estado de Minas, escrita por