Ainda que lentamente, a implantação da rede 5G no Brasil tem avançado, aguardando o leilão de frequências previsto para o segundo semestre de 2021, que por sua vez espera a aprovação do edital com as regras a serem seguidas pelas operadoras. O documento, que já foi encaminhado para o Conselho Diretor da Anatel, será discutido em reunião aberta para a população na próxima quinta (25).
No entanto, caso o mais recente pedido das operadoras Claro e Vivo seja atendido, é possível que o processo de implementação do "5G puro" demore além do previsto. Durante o seminário Políticas de Telecomunicações 2021, promovido pelo site Teletime, Oscar Petersen, vice-presidente de assuntos regulatórios e jurídicos da Claro, e Átila Branco, diretor de planejamento de rede da Vivo, solicitaram mais tempo para que a rede de alta velocidade seja devidamente estabelecida.
No momento, o prazo definido pela Anatel é que a nova estrutura seja instalada até o final de 2022, algo dito impossível pelos representantes das operadoras, cujas equipes técnicas preveem prazo mais extenso, de 5 anos. "Este prazo que consta no relatório é impossível de ser cumprido. Pedimos que nos dê um período para entregarmos um standalone completo. Caso contrário, o setor vai achar que tem uma Ferrari, só que será sem motor e numa rua esburacada”, afirmou Petersen.
A posição da Claro foi apoiada pela Vivo, com Átila Branco citando exemplos das operações da Telefônica em outros países, como Alemanha e Reino Unido, nos quais o 5G de alta velocidade tem previsão de instalações para operação standalone (em que há apenas sinal e estruturas 5G) em 2 anos.
Rebatendo as críticas, o conselheiro Carlos Baigorri afirmou que a equipe técnica da Anatel garantiu que as instalações poderiam ser concluídas na data estabelecida, após novo estudo realizado mediante reclamações das operadoras acerca do prazo original. Para dar maior margem às empresas de telefonia, Baigorri definiu então a data limite para o final de 2022. Apesar disso, o conselheiro não descarta a possibilidade de revisão durante a votação realizada na reunião desta quinta.
Além da implementação do Release 16, como é tecnicamente conhecido o 5G de alta velocidade, as operadoras também reclamam de outras regras estabelecidas pelo edital, como a rede privativa do governo e a transição da TV via satélite para a Banda Ku.
“Está sendo exigido das empresas que construam uma rede para ser entregue a terceiros. Ninguém sabe qual o tamanho dessa rede, qual o valor? A vencedora vai ter que fazer conexão no Norte, uma rede fixa e outra móvel para o governo, troca de equipamentos para liberar o espectro, migração da banda Ku. Nossa sensação é que o processo está indo muito rápido para a complexidade que ele representa”, destacou o representante da Claro.
Fonte: Tudo Celular