De fato, a vida do brasileiro está cada vez mais digital. Depois de novidades como o Pix, serviço de transferências gratuito para pessoas físicas, vem aí o lançamento de uma outra tecnologia que promete transformar a rotina da população: de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o 5G deve estar disponível em grandes cidades a partir de 31 de julho de 2022.
A implementação da quinta geração da telefonia no prazo estipulado ficará sob a responsabilidade da companhia de telecomunicação que vencer o leilão do 5G promovido pela Anatel. As regras envolvendo as ofertas foram estabelecidas em reunião realizada na última quinta-feira (25).
“O 5G permite uma velocidade muito maior de conexão. As pessoas começarão a ter acesso a várias novas mídias, tendo um aparelho compatível, claro”, explica Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos. “Nesse sentido, teremos toda uma nova geração de aparelhos, principalmente celulares.”
Essa nova geração de aparelhos deve dar um combustível adicional para as empresas de telecomunicação com papéis na Bolsa, com destaque para Tim (TIMS3) e Telefônica Brasil (VIVT4), fortes no segmento de telefonia móvel. “As pessoas vão querer trocar de celular, então vai ser um período importante para essas companhias captarem clientes. Também haverá oportunidades em infraestrutura, com soluções de conexão para outras empresas”, afirma Akamine.
É justamente na parte de infraestrutura para 5G que a Oi (OIBR3) poderá ganhar espaço. Em recuperação judicial, a operadora vendeu a parte móvel da empresa para o consórcio formado por Tim, Telefônica e Claro, com o objetivo de reduzir dívidas e concentrar os negócios na divisão InfraCo.
“A área de infraestrutura da Oi deve se beneficiar dessa virada de padrão de tecnologia. As empresas que trabalham em telefonia, para se comunicarem e terem todo esse volume de dados, tem que ter gigantescos servidores, transmutadores e etc, que fazem a conexão de toda essa rede”, diz Akamine. “E agora vai ter que fornecer essa capacidade para conectar um volume adicional de bilhões de dispositivos.”
Essa também é a visão de Filipe Marçon, sócio da Ikedo Investimentos. Segundo o especialista, a chegada do 5G vai possibilitar uma revolução no segmento. “Vemos um campo positivo para as telecomunicações, o setor pode crescer muito, já que muitas pessoas vão querer ter esse ‘novo pacote’ de conexão”, afirma. “Vai abrir um campo grande para novos negócios.”
Atualmente a Ikedo Investimentos tem recomendação de compra para Tim e Telefônica Brasil, que é dona da Vivo, com preço-alvo de R$ 19 R$ 58, respectivamente.
Consumo e competitividade
Fora as companhias de telecomunicação, outros setores podem ser beneficiados pela chegada do 5G. Para Felipe Dellacqua, especialista em e-commerce e sócio da VTEX, o novo sistema possibilitará uma melhora significativa em relação ao consumo de produtos e serviços digitais.
“Tanto o público mais jovem, quanto o mais velho, está usando cada vez mais o celular, em vez do computador”, explica Felipe. “E o 5G promete trazer uma velocidade quase 100 vezes maior do que estamos acostumados. Isso muda muito como o consumidor se relaciona com tudo no canal digital, seja ele a compra de produtos, marcação de serviços, streaming, educação e etc.”
A competitividade entre empresas do segmento de tecnologia também deve se acentuar. Gigantes que oferecem soluções de software para varejo, como Totvs (TOTS3) e Linx (LINX3), passarão a enfrentar a concorrência de startups.
“Essas gigantes operam através de uma arquitetura de sistema que chamamos de ‘instalado’, ou seja, é necessário instalar os softwares de controle de mercadoria, vendas e etc, no computador das lojas. E quando você implementa o 5G em escala nacional, você dá para startups o acesso a tecnologias na nuvem para desenvolver o mesmo serviço, só que online.”
Outra grande companhia que ganha com a chegada de quinta geração da telefonia é a Tesla (TSLA34). Os carros de direção autônoma atualmente precisam de uma infraestrutura muito rápida para tomada de decisão – que poderá ser suprida com o 5G. “Vai ser um avanço muito grande para esse mercado automobilístico possa começar no Brasil”, conclui Delacqua.
Fonte: E-investidor, escrita por Jenne Andrade